sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Ideias Totipotentes

Hoje sinto-me nostálgica.

Embora seja comum, hoje estou numa noite especialmente nostálgica. Tive um dia normal, com a rotina do costume. Vim trabalhar, como tenho feito todas as Sextas-feiras desde há sensivelmente 2 anos. Como em todas as Sextas-feiras, esta não é uma noite em que consiga dormir (chegarei a essa questão mais tarde). Estava apenas a tentar entreter o tempo quando me lembrei de mim. Isso mesmo: no meio de tantas noites iguais a tantas outras, esta foi aquela em que me lembrei de mim.

"Não era suposto lembrares-te de ti constantemente?". Talvez. Provavelmente, sim, e não digo que não o faça. Embora pense em mim muitas vezes (serão demais?), há muito que não tenho nenhuma realização de mim. Não me olho com o olhar crítico daquele amigo que não nos vê há 20 anos e tenta pesar num segundo os estragos do tempo no nosso corpo e, sobretudo, na nossa alma.

Criei este blog em 2008. Tinha 16 anos na altura. Hoje, já tenho 23. Em termos quantitativos, é tão pouco, não é verdade? Pensando nisso, fico até exasperada com a vida que passou por mim em 7 anos. Tanta coisa mudou, que levaria mais 7 anos a tentar explicá-lo. Talvez o faça. Mais do que pensar nas coisas que mudam, é incrível ver como há coisas que nunca mudam. Às vezes são tão pequeninas que nem notamos... Até as realizarmos.

Hoje senti falta de escrever. Escrevia muito, sabem? Sempre fui dada às palavras. Sempre tive muita coisa para dizer. Sempre me fascinei com tudo, sempre me apaixonei por pormenores, sempre vibrei com o mundo, com coisas ridículas, até. Sempre falei muito, desde que me ensinaram a fazê-lo, mas os anos fizeram-me expressar de outra forma, sobretudo a minha dor, e é curioso notar quão profundamente eu sentia tudo aos meus 15 anos. Hoje parece-me um absurdo, mas, ao ler-me, encho-me de compaixão pela minha miniatura apaixonada com fraca capacidade de gestão de sentimentos. Um dia publico um texto meu dessa altura e talvez percebam o que quero dizer.

Hoje senti falta de escrever e pensei em criar um blog. Por que não? Tanta gente tem blogs, hoje em dia... Só precisava de um bom tema. Consegui lembrar-me de uns quantos. Tenho interesses variados e a minha vida é tudo menos monótona. Só que depois concluí: eu nunca conseguiria escrever sobre uma só coisa, porque não seria eu. Eu sou mesmo isso: uma avalanche de ideias, de sentimentos, de vivências. Se eu quisesse escrever sobre tudo o que gostaria, precisaria de mais blogs do que aqueles que eu conseguiria gerir. Se me cingisse a um tema, iria forçar a minha escrita, e isso está bem longe do meu objectivo.

Então, lembrei-me: eu tenho um blog. Um dia, bem lá atrás, eu criei um blog. Nunca cheguei a usá-lo. Tinha um nome que eu adorava e que se coadunava perfeitamente com a minha personalidade. Como era? Ideias totipotentes. Ideias que, como as células, se podem diferenciar em qualquer outro tipo.

O nome do meu blog soou-me tão bem hoje, aos meus 23 anos, como antes, aos meus 16. E, embora tanta coisa tenha mudado, esta é uma das que não mudou. O meu processo lógico permanece o mesmo. Os motivos que me levaram a escolher esse nome na altura são, em essência, os mesmos que me levaram a voltar a ele hoje.

Muita vida passou, mas hoje fui-me resgatar. Estou de volta!